A novela envolvendo a saída do ala Jimmy Butler do Minnesota Timberwolves ganhou contornos dramáticos nessa quarta-feira e expôs uma grave crise na franquia. Segundo múltiplas fontes como Adrian Wojnarowski, da ESPN, e Shams Charania e Jon Krawczynski, do The Athletic, o jogador participou de seu primeiro treino desde que pediu para ser trocado, há três semanas, e simplesmente explodiu contra os companheiros de time, o presidente e técnico Tom Thibodeau e o gerente-geral da franquia, Scott Layden.
Frustrado por ainda não ter sido negociado pelo Timberwolves, Butler se descontrolou durante a atividade, desafiou verbalmente os outros jogadores e dominou o treinamento coletivo. Ele se juntou ao quinteto da terceira unidade e fez o time jogar de igual para igual contra os titulares, que tinham Karl-Anthony Towns e Andrew Wiggins, seus maiores desafetos na equipe.
Em determinado momento da atividade, Butler virou-se para o GM da franquia, que assistia ao treino na arquibancada, e gritou sem a menor cerimônia: “Scott, você precisa de mim, porra! Você não consegue ganhar sem mim.”
Ao final do treinamento, Butler ainda teria feito críticas a Towns e Wiggins e ido para o vestiário enfatizando que havia provado o seu ponto de vista. “Vocês acabaram de perder esse nível de talento. Fiquem aí com dois jogadores (Wiggins e Towns) que não vão te levar a lugar algum. Enfrento vocês ao longo da temporada.”
De acordo com fontes ligadas à franquia, a comissão técnica e os jogadores ficaram sem palavras com a atitude do ala. Um integrante do staff do Timberwolves relatou ao repórter Keith Smith, do site RealGM, que o treino realmente foi muito tenso: “Foi feio. Os jogadores chegam de mau humor com frequência, mas eu nunca vi um clima tão ruim em um treino em todos os meus anos de NBA”.
Após a atividade, Butler concedeu uma entrevista à repórter Rachel Nichols, da ESPN. Ele confirmou o o ocorrido e descreveu que agiu daquela forma porque é apaixonado pelo jogo, honesto e adora vencer. O ala revelou que, durante o treino, Towns teria dito a ele as seguintes palavras: “qualquer um pode fazer o seu trabalho!”, o que foi prontamente rebatido em quadra.
“Eu não sou o jogador mais talentoso. Quem é o jogador mais talentoso da nossa equipe? Towns. Quem é o jogador ‘abençoado’ do nosso time? Wigs (Wiggins). Wigs tem os braços mais longos, as mãos maiores, pode saltar mais alto, pode correr mais rápido. Mas quem é que joga mais duro? Eu. Eu jogo duro, eu jogo muito duro. Eu me sacrifico em todo maldito treino, em todos os jogos. Essa é a minha paixão. É assim que eu jogo”.
Butler confirmou também que o seu pedido de troca não está relacionado a dinheiro, já que ele recusou uma oferta de US$ 110 milhões para estender o seu contrato com a franquia por mais quatro anos.
“Não é por causa da grana. Não é. É sobre falar que precisamos de você, que nós queremos você aqui, que nós não podemos fazer isso sem você. E essa foi a desconexão o tempo todo. Eu não sei como colocar isso, mas senti que talvez eu não fosse tão importante para a organização. Foi assim que eu me senti”.
Segundo Wojnarowski, uma fonte do descontentamento de Butler parece ser a sua crença de que nem todos os seus companheiros de equipe estão comprometidos em vencer. “Eu acho que essa é a parte que todo mundo não vê. Eu não vou dizer nenhum nome, mas vou ser honesto: se a sua prioridade número um não é ganhar, as pessoas podem dizer. Essa é a batalha. Agora, há um problema entre as pessoas. É aí que ocorre a desconexão”, finalizou o ala, que disse ainda que pretende treinar normalmente nesta quinta-feira.
No último final de semana, Butler esteve perto de ser negociado com o Miami Heat. Os times chegaram a trocar informações médicas dos atletas envolvidos e a preparar as bases formais da troca, mas na última hora o Timberwolves resolveu pedir mais do que havia sido acordado e as conversas esfriaram. O Houston Rockets e o Los Angeles Clippers são outros times interessados em contar com os serviços do atleta, que será agente livre irrestrito ao final desta temporada.