Ser a primeira escolha de um draft carrega forte simbolismo e altas expectativas para a carreira de um atleta. Neste ano, o pivô DeAndre Ayton é quem precisará lidar com os holofotes trazidos por ter sido selecionado no topo do recrutamento e ver cada um de seus erros minuciosamente estudados por fãs e analistas. O novo talento do Phoenix Suns sabe o que esperam dele desde o primeiro jogo, mas só planeja jogar para convencer a pessoa mais fundamental para seu sucesso.
“Não quero entrar em quadra para provar algo a alguém, mostrar que todos estão errados ou o que posso fazer. Só quero jogar com o máximo que sei que tenho e, se estiver sem gás no final da noite, isso quer dizer que fiz um bom trabalho para mim mesmo. Preciso jogar ao nível da hype que existe, basquete de elite, porque as pessoas sempre estão preparadas para verem você falhar aqui”, disse o jovem prospecto, em uma longa entrevista ao portal Yahoo! Sports.
No processo pré-draft, muitos especialistas levantaram dúvidas sobre o empenho em quadra, tomada de decisões e capacidade defensiva de Ayton. Ele ouviu cada análise e, agora, tem um compromisso pessoal de não permitir o prazer de vê-lo falhar aos seus críticos. Com isso em mente, o jovem aprendeu algo que muitos atletas costumam dizer: para não ser engolido pelas expectativas de terceiros, tenha expectativas ainda maiores da sua parte para si mesmo.
“Eu estou tentando não só ser calouro do ano, mas também o primeiro novato a ser all star desde Blake Griffin. São metas que gostaria de atingir. Coloco pressão em mim mesmo para forçar-me a jogar duro e dar o melhor todos os dias. Na verdade, nem diria que é pressão: é a consciência de que preciso treinar diariamente e cada vez mais, pois, se não o fizer, alguém estará pronto para me expor”, reconheceu o ex-jogador da Universidade de Arizona.
Pressão, na verdade, não é uma novidade na vida de Ayton. Ele é considerado um prospecto de elite desde o início do basquete colegial e esteve (erroneamente) no meio de uma grande polêmica envolvendo pagamentos ilegais para recrutamento universitário. Uma reportagem da ESPN acusou o pivô de ter recebido US$100 mil para escolher estudar e jogar em Arizona, o que acabou desmentido e gerando até uma retratação da emissora.
“Eu apenas mantive minha compostura naquela época e tentei ‘destruir’ qualquer adversário que enfrentasse. Não iria perder a cabeça por isso. Se não é verdade, por que perder tempo e preocupar-me com isso? Só pensei em jogar. É evidente que fiquei bravo e, em alguns momentos, os fãs conseguiram tirar-me do sério. Mas aprendi a minha lição e nunca deixarei acontecer novamente”, assegurou o provável novo titular do Suns.
Ayton só tem 20 anos de idade e uma carreira inteira pela frente, então, antes de objetivos ousados, ele sabe que tem uma tarefa essencial: aproveitar a sabedoria ao seu redor para tornar-se melhor a cada dia. “Tenho muito a aprender e nossos veteranos vão ajudar-me nisso. Preciso trabalhar em como comunicar-me com os companheiros sobre onde e como quero receber a bola. E mal posso esperar para que Tyson Chandler ensine-me como defender o garrafão nesse nível. Só quero, antes de tudo, aprender tudo o que podem ensinar”, concluiu o calouro em que todos estarão de olho na próxima temporada.