Você pode não conhecer Drew Hanlen, mas ele está em alta nos bastidores da NBA. O treinador particular tornou-se uma espécie de guru para jovens talentos da liga – com uma relação de clientes que inclui Joel Embiid, Bradley Beal, Jayson Tatum, Mo Bamba e R.J. Barrett (provável primeira escolha do próximo draft). O currículo “pesado” levou-o, nas últimas semanas, a assumir o maior desafio de sua carreira: tentar reconstruir o arremesso de Markelle Fultz.
“Basicamente, cheguei para Markelle e fui eu mesmo: disse que ele me faria ficar realmente famoso e ganhar bastante dinheiro quando arrumasse seu arremesso. Além disso, tinha uma boa notícia: se desse errado, já não dava para piorar. Nós demos risada e foi com essa pegada bem-humorada que tudo começou. Mas, na hora em que entramos no ginásio, é muito trabalho duro por horas diariamente”, contou o técnico, em entrevista ao podcaster Daniel Schmidt.
A mudança drástica na mecânica de chute de Fultz é um dos maiores mistérios da NBA atual. Um dos melhores arremessadores da última classe, a primeira escolha do draft do ano passado apresentou-se ao Philadelphia 76ers com uma sofrível forma de tiro – que, após vários rumores, foi creditada a uma lesão no ombro. O jovem perdeu mais de 60 jogos da temporada regular e, embora recuperado, não conseguiu voltar a arremessar de modo minimamente normal.
“Obviamente, Markelle teve um dos mais fantasticamente documentados casos de apagão no basquete recente. Ele simplesmente esqueceu como se arremessa e já diagnostiquei múltiplos tiques que prejudicam sua mecânica. Então, eu olho para uma situação assim e encaro como uma missão pessoal: como posso ajudar esse garoto, um talento incrível e primeira escolha de recrutamento, a voltar ao ponto em que estava na carreira?”, explicou Hanlen.
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O desafio é maior do que parece: mais do que ensinar Fultz a lançar uma bola para cima, o treinador faz um trabalho de análise minucioso para detalhar cada mini-ato que envolve a ação de arremessar. Esse conjunto rápido de movimentos não deve ser só natural e fluido, mas também precisa respeitar o conforto físico de um atleta que acaba de recuperar-se de uma lesão no ombro. É um processo bem complexo, mas que Hanlen garante estar evoluindo muito bem.
“Nós estamos trabalhando para rememorar o seu corpo e músculos, trazer de volta aquela leveza e fluidez em sua mecânica. E, no momento, o que posso dizer é que estamos muito à frente do prazo que havia estipulado. Eu pensei que iria demorar, pelo menos, seis semanas para que a gente desenvolvesse uma forma trabalhável e, na verdade, começamos a realizar arremessos saltando já na segunda semana”, revelou o ex-jogador da Universidade de Belmont.
Fultz está à frente do prazo, mas Hanlen o vê longe de estar pronto para jogar. Ele garante, porém, que a torcida do Sixers pode esperar um jogador novo e motivado na pré-temporada. “Seu arremesso ainda não está perfeito, mas estará em alguns meses. Markelle vai voltar a mostrar seu melhor e todos lembrarão porque ele foi a primeira escolha do draft – por mais que eu diga-lhe na cara, antes de cada treino, que acho Tatum melhor que ele”, finalizou o técnico, com um toque do bom humor que marca sua relação com o armador.