Sem vitórias morais, por Donovan Mitchell

Novato do Utah Jazz fala do desempenho da equipe na temporada e garante que foi apenas o começo de algo especial

Fonte: Novato do Utah Jazz fala do desempenho da equipe na temporada e garante que foi apenas o começo de algo especial

Por Matheus Prá (@blockpartty)

 

Donovan Mitchell | Utah Jazz

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Eu não queria sair do avião.

Esse é um sentimento que eu nunca vou esquecer — não querer sair do avião. Foi duro, cara. O jogo tinha acabado. A série tinha acabado. A temporada tinha acabado. Tinha muita coisa boa que tinha acontecido durante a temporada. Muita coisa boa. Mas nos jogos contra o Houston, de repente era tipo, bem, O.K. Lá vai. Tudo foi desperdiçado.

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E agora era tarde, e nós perdemos, e tivemos que voar para casa.

Eu acho que muitas pessoas, apenas olhando o nosso time de fora… Eles devem ter falado, “Oh, essa temporada do Jazz. Ela foi vitoriosa.” Tipo, apenas porque nós excedemos as nossas expectativas e tudo mais, de qualquer maneira isso foi uma vitória.

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Uma vitória moral.

Mas o que você tem que entender é — nós não excedemos as nossas expectativas por sermos o tipo de equipe satisfeita com uma vitória moral.

Nós excedemos as nossas expectativas sendo killers (ou assassinos).

Se nós fossemos um tipo de time satisfeito, nós provavelmente não teríamos ido a qualquer lugar. É louco pensar em quantas desculpas esse time tinha para dar. Perdeu uma grande estrela na agência livre. Tiveram as lesões. Teve essa dupla de armadores com um cara recém-contratado e um novato. Mas cara… Em nenhum momento, ninguém no nosso time sequer pensou em desculpas. Não pensamos em desculpas ou expectativas, ou algo do tipo. [We didn’t even have chips on our shoulders!*]

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*: É ter uma atitude agressiva ou ter um jeito de se comportar causado por acreditar que alguém te tratou injustamente no passado. Algo como esnobado.

 

Você sabe como é ouvir toda hora — sobre como os caras foram esnobados, e agora eles têm “Chips on their shoulders?” É como, com esse time, nós não tínhamos tempo para nos aborrecermos com isso. Não tínhamos nem o ego para se aborrecer com isso. Nós não estávamos nos preocupando sobre sermos esnobados, ou onde as pessoas esperavam, ou projetavam ou queriam que nós tivéssemos.

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Tudo o que nos importava era para ser o melhor.

E tudo o que tínhamos na cabeça era o objetivo de sermos campeões.

E por isso que foi tão difícil de sair daquele avião em Salt Lake. Era como, nós tínhamos um objetivo… E falhamos. E decepcionamos a cidade.

Mas algo louco aconteceu.

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Nós saímos do avião…

E vocês todos estavam lá, nos aplaudindo.

E não foi apenas isso que você estava torcendo. É como eu disse: não era uma situação em que estávamos procurando por vitórias morais. Ninguém nesse time queria sair do avião e ser aplaudido por uma vitória moral, aquele troféu de participação “Vocês fizeram o melhor que podiam”. O que é louco é que os fãs aqui… Sabiam disso. Vocês de algum jeito sabiam disso. É difícil descrever — como você pode dizer o que um grupo de pessoas significa simplesmente por como eles estão torcendo. Você não consegue imaginar até isso acontecer. Mas é como se tivéssemos saído daquele avião… E nós ouvimos aqueles aplausos… E nós estávamos em sintonia, cara.

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Era como: eles entenderam. Essa não era uma vitória moral. Essa era uma derrota.

Mas apenas uma derrota temporária — porque nós vamos estar de volta no próximo ano, e no ano seguinte, e no seguinte. É temporário porque esse não é o fim. Esse é o começo de algo especial.

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A todos os fãs que apareceram – é difícil colocar em palavras o quanto isso significou para mim, naquele momento, o quanto eu precisava disso. E o quanto vou levar isso para a intertemporada e usar isso como combustível para melhorar.

Para conquistar o Oeste.

Para trazer um campeonato para Utah.

E isso é real. O céu é o limite aqui. Nós temos o prefeito de Swat Lake City no Rudy (Gobert). Nós temos um dos mais perigosos trios de jovens armadores na liga em mim mesmo, Ricky (Rubio) e Dante (Exum). Nós temos esse grupo que vai fazer de tudo, tanto na quadra quanto no vestiário, em caras como Jae (Crowder) e Joe (Ingles). Nós temos um dos melhores — e mais subestimados, se você me perguntar — treinadores da liga, o Coach Snyder. E cara, vocês já sabem: nós temos os melhores fãs do mundo.

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É louco para mim pensar que, um ano atrás, eu ainda estava decidindo se deveria ou não estar na NBA — ficar na faculdade ou entrar para o Draft. E eu fiz a melhor decisão da minha vida, sem dúvidas. Primeiro porque eu tive um ano de novato que eu posso ficar orgulhoso. Segundo porque, cara… Eu amo essa liga. Mas talvez acima de tudo, eu sei que eu fiz a decisão correta porque eu fui para onde eu pertenço.

Jogando para esse time, para essa cidade.

Fãs do Jazz: Eu vejo vocês por aí neste verão — e vejo vocês todos em outubro, com certeza.

Espero que, da próxima vez, a gente saia do aeroporto trazendo um troféu.

Donovan Mitchell

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