Buscando armadores no Draft

Gabriel Andrade analisa Trae Young, Collin Sexton e Shai Gilgeous-Alexander, considerados os três principais prospectos de armação do recrutamento deste ano

Fonte: Gabriel Andrade analisa Trae Young, Collin Sexton e Shai Gilgeous-Alexander, considerados os três principais prospectos de armação do recrutamento deste ano

Por Gabriel Andrade

Dentre as várias posições do basquete, duas costumam precisar de um amadurecimento maior para que jogadores tenham impacto mais imediato: armadores e pivôs. Se para os grandões isso está mais associado ao próprio desenvolvimento físico e consciência do uso do próprio corpo, os armadores precisam se ajustar a um novo tipo de leitura quando chegam à NBA, isso porque a liga é mais atlética, com braços muito maiores e que exige uma rapidez de raciocínio maior do que em níveis anteriores.

Aprender a ter leituras rápidas, saber como criar espaços e separação no nível mais atlético, além de comandar todo um playbook pode levar tempo. É comum que se demore de três a quatro anos para um armador draftado completar sua adaptação à liga, as vezes até mais. All-Stars como Goran Dragic e Kyle Lowry demoraram até atingirem o atual nível.

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Para piorar a situação, nenhuma posição na NBA é tão profunda. Praticamente a maioria dos times possui armadores titulares talentosos sob contrato por muitos anos – e os que não têm, possuem ótimos projetos recém draftados. Por mais talentosos que sejam os armadores que entram a cada ano na NBA, a luta por achar um espaço em que possam minimamente jogar é complicada. É o que faz com que muitos despenquem no recrutamento. As equipes simplesmente possuem mais espaço para agregar alas do que as posições 1 e 5.

Neste texto, daremos uma passada pelos três principais prospectos de armação do recrutamento e o que eles podem oferecer para as equipes que estarão de olho.

  Collin Sexton Shai Gilgeous-Alexander Trae Young
País Estados Unidos Canadá Estados Unidos
Clube Alabama Kentucky Oklahoma
Idade 19 19 19
Altura 1,88 m (6’2’’) 1,98 m (6’6’’) 1,88 m (6’2’’)
Envergadura 1,99 m (6’6.5’’) 2,13 m (7’0’’) 1,88 m (6’2’’)
Peso 86 kg (190 lbs) 82 kg (181 lbs) 82 kg (181 lbs)
Posição Listada Armador Armador/Ala-Armador Armador
Estereótipo Posicional Infiltrador em Volume Através do Drible Armador Versátil Defensivamente + Chutador Limitado/Non Shooter Armador Scheme-Changer com 2-Níveis de Pontuação e Iniciação Ofensiva
Habilidades Posicionais Quebra de Defesa com velocidade/mudança de direções e pace para chegar ao aro, finalização com destreza/floaters, agressividade atacando no Pick And Roll e lances livres em volume. Roubadas de Bola, habilidade de trocas de posição na defesa, defesa individual, tomada de decisões no ataque, qualidade de passe e habilidade de finalização após infiltrações. Arremesso Após o Drible de 2 e 3 pontos, Pontuação via isolação ou Pick And Roll e Controle de Bola Avançado.
Jogadores na NBA dentro da Categoria Goran Dragic, Jeff Teague, Reggie Jackson, Jeremy Lin e Dennis Schroder. Frank Ntilikina, Emmanuel Mudiay, Ricky Rubio, Elfrid Payton e Cory Joseph. Isaiah Thomas, Kemba Walker e D’Angelo Russell.

 

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Estatísticas

Collin Sexton

19.2 pontos, 3.8 rebotes, 3.6 assistências, 2.8 desperdícios de bola, 0.8 roubos de bola, 0.1 tocos, 44.7% nos arremessos de quadra, 33.6% arremessos de três pontos e 77.8% nos lances livres em 29.9 minutos.

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Shai Gilgeous-Alexander

14.4 pontos, 4.1 rebotes, 5.1 assistências, 2.7 desperdícios de bola, 1.6 roubos de bola, 0.5 tocos, 48.5% nos arremessos de quadra, 40.2% arremessos de três pontos e 81.5% nos lances livres em 32.9 minutos.

Trae Young

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27.4 pontos, 3.9 rebotes, 8.7 assistências, 5.2 desperdícios de bola, 1.7 roubos de bola, 0.3 tocos, 42.3% nos arremessos de quadra, 36.1% arremessos de três pontos e 86.1% nos lances livres em 35.4 minutos.

 

Ataque

Poucos atletas receberam tanta atenção no mundo universitário como Trae Young, um baixinho sem nenhum pouco de imposição física, mas com um conjunto extremamente intrigante de habilidades e questões no basquete moderno. Pontuando com eficiência assustadora no começo da temporada, os números foram caindo de acordo com o decorrer do ano (e aumento do nível dos adversários).

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Young foi beneficiado duplamente em ter liberdade em sua equipe para ser agressivo em seu estilo de jogo, combinado com um técnico que usou de uma diversidade de formas para acioná-lo como chutador – além de outras peças no elenco. Entretanto, a falta de talento geral obrigava uma postura diferente de Trae, que diferente de Simmons e Fultz em anos anteriores, viu que tinha uma equipe limitada e forçou as coisas para tentar maximizar os resultados.

Contexto dado, o armador de Oklahoma possui como carro-chefe a capacidade de criar após o drible chutes de todos os cantos da quadra. Como exigido da maioria dos armadores modernos, o arremesso de três pontos é o que dita seu jogo, não sendo apenas um arremessador estacionário, que chuta parado e equilibrado, como também consegue criar arremessos de alto grau de dificuldade (e convertê-los) num modo que chega a lembrar Steph Curry, sem muito equilíbrio, após sequências de dribles avançados, sem corta-luz, com distância passos atrás da linha da NBA até. O que alguma hora parece habilidade única por outros momentos vira excesso de confiança e escolha ruim de arremessos. Sem que seja um atleta muito explosivo, Trae depende de seu avançadíssimo controle de bola para criar separação, mesmo no nível do NCAA.

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Jogador mais habilidoso do recrutamento, possui uma cartela de dribles para chegar na área dos floaters/meia distância, para além do jogo de pés na linha de três pontos. Por outro lado, acontece de sua habilidade não ser a suficiente para se separar para o chute, combinada com baixa capacidade de finalizar ao redor do aro por conta do físico. Finalizador limitado fisicamente, ao menos demonstra destreza para equilibrar seu corpo no ar e vai muito a linha de lances livres, brincando com seus defensores usando o controle de bola. O arremesso obriga defensores a serem agressivos na pressão, dando mais espaços para infiltrações. Joga por baixo do aro em meia quadra.

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Alguém com seu físico pode carregar o volume de jogo que teve no basquete universitário com eficiência? O segredo pode estar no passe. Criativo com a bola em mãos, possui bom arsenal para achar companheiros após infiltrações e quebras de defesa usando seu controle de bola, embora não seja o passador mais técnico, com taxa ruim de assistências/desperdício de bola.

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https://www.youtube.com/watch?v=UQElqUYfumw

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Melhor cotado antes da temporada começar, Collin Sexton voltou a brilhar em março, carregando o limitado time de Alabama mais adiante que Young, mas sem ir muito longe também. Os estilos não poderiam ser mais diferentes, embora sejam parecidos no que diz respeito à agressividade. Sexton é um ágil, veloz e intenso armador, que ataca a todo instante, sempre pressionando o adversário em infiltrações, um jogo mais voltado para a finalização interna.

Sempre no modo de ataque total, seu melhor é demonstrado em situações de transição e semi-transição, atacando o aro com ferocidade e utilizando de sua velocidade para chegar na área pintada. Possui também flexibilidade para mudar de direção no meio do ar para finalizar de maneira acrobática perto do aro. Possui controle de bola para trocar de direções, mudar velocidades, criar separação com primeiro passo explosivo. Máquina de pontuar.

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https://streamable.com/wxlmb

Por outro lado, faltam atributos físicos de elite para ser um slasher como seu jogo é voltado. Não tem grande alcance vertical ou capacidade de salto para finalizar por cima do aro constantemente ou contra tráfego, não é o atleta de elite que a fama diz.

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https://streamable.com/qresp

O chute é extremamente inconsistente. Não é um non-shooter, mas é uma fraqueza de seu jogo, historicamente na faixa dos 30%, em baixo volume e aproveitamento. Pés não costumam se estabilizar bem, além de uma tendência de acelerar a mecânica e chutar desequilibrado, com relógio ainda por rodar.

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https://streamable.com/zwpuy

Seleção de chutes bastante questionável no geral, um dos armadores com menos tendência ao passe que já acompanhei no College, evidenciado na média de assistências. Dribla e prende muito a bola em suas mãos.

Shai Gilgeous-Alexander brilhou e desbancou prospectos melhores cotados em um disfuncional time de Kentucky. Alto e longo, o canadense faz seu melhor em infiltrações, com capacidade ambidestra para finalizar ao redor do aro e um arsenal de dribles e jogo de pés para criar separação e buscar ângulo. A grande envergadura auxilia a estender os braços para fugir de eventuais tocos e contestações.

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https://streamable.com/g9571

https://twitter.com/Scott_Charlton/status/977029797657432064

https://twitter.com/Scott_Charlton/status/977011434621153283

Entretanto, é um arremessador muito limitado. O aproveitamento até deduz que seja bom, mas faz isso em um volume baixíssimo (1.5 chutes de três pontos por jogo), a mecânica é lenta e um pouco baixa, constantemente refuga bolas livres por falta de confiança em seu chute.

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Como criador, é o mais seguro dos três prospectos. Não é super criativo, mas possui leituras básicas de jogadas bem desenvolvidas e joga com estilo altruísta de jogo, capaz de usar sua habilidade de finalizar próximo ao aro para abrir espaços para chutadores e pivôs.

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https://streamable.com/mktcf

https://streamable.com/b4qzg

Por conta do tamanho, estilo altruísta e bons cortes, é capaz de jogar em diferentes quintetos com sua equipe, dá flexibilidade às formações.

 

Defesa

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No embate entre Trae, Shai e Sexton, o primeiro é o mais limitado. Baixo, com pouca envergadura e carregado de volume ofensivo em Oklahoma, ele combina limitações físicas (também não tão ágil lateralmente, magro) com constante desatenção defensiva fora da bola, fácil captada andando pela quadra e/ou não contestando, correndo atrás de quem está marcando.

https://streamable.com/6vnil

Já Gilgeous-Alexander é o mais desenvolvido dos três neste sentido. Além de alto e longo, é ágil lateralmente e pressiona muito bem o drible adversário, provavelmente o melhor armador defensivo da classe junto a Jevon Carter. Embora ainda franzino, consegue muito impacto na defesa aliando as características citadas com muito esforço.

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Sexton não possui o mesmo conjunto de altura/envergadura, mas é extremamente ágil e efetivo pressionando a bola, possui um estilo agressivo de defesa no mano-a-mano, um terror. Em compensação, é inconstante sem a bola, se perde em movimentações, captado na terra de ninguém.

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Conclusão

Diferentes entre si, cada um oferece um pacote de ferramentas que cabe na atual NBA, mas em cenários diferentes. Trae Young, por exemplo, seria ótimo para times que fossem longos o suficiente para escondê-lo na defesa e que precisem de alguém que crie em volume após o drible para melhor no ataque. Neste sentido, o Orlando Magic seria um ótimo encaixe para as suas habilidades. Atlanta Hawks, Brooklyn Nets e Chicago Bulls também seriam ótimos destinos.

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Para Collin Sexton, ideal seria uma equipe que já possui alguém que possa atuar como passador, podendo assim focar no ataque após o drible, infiltrações e defesa. O New York Knicks seria um destino interessante, jogando ao lado de Frank Ntilikina por conta da defesa e passe. O Charlotte Hornets, que possui Kemba Walker e Nicolas Batum, teria criação o suficiente para comportá-lo (vindo do banco, provavelmente).

Um time que precisa de bom defensor versátil que jogue em diferentes quintetos seria o ideal para Shai Gilgeous-Alexander. Neste sentido, o Denver Nuggets seria um ótimo encaixe, contando que não renovassem com o agente livre Devin Harris. Funcionaria bem também no Phoenix Suns ao lado de Devin Booker, ou ao lado de LeBron James no Cleveland Cavaliers.

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Em uma NBA cheia de armadores, a diversidade dos que entram no draft sempre dão uma variedade de opções. Cabe ao general manager fazer a melhor escolha do que cabe para as necessidades de sua equipe. Aguardamos às próximas temporadas para ver quem se saiu melhor.

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