Um mais agressivo Brandon Ingram
Brandon Ingram não esconde estar mais confiante nesta temporada. E o próprio ala do Los Angeles Lakers confirma que seu maior conforto na NBA passa pelo trabalho de fortalecimento físico a que está sendo submetido desde que chegou à liga, permitindo uma postura mais agressiva em quadra. Por meio dos números, você pode notar como ele realmente está mais incisivo ofensivamente.
Comparando sua temporada de estreia com a atual, observe como houve aumento muito considerável nas médias por jogo e por minuto jogado de drives (ataques à cesta) e lances livres cobrados pelo jovem.
Temporada | Drives | Lances livres | ||
Por jogo | Por minuto | Por jogo | Por minuto | |
2016-17 |
4.8 |
0.166 | 2.7 | 0.094 |
2017-18 | 11.7* | 0.337 | 5.3* | 0.152 |
*Marcas entre as 25 melhores da NBA no momento
O maior volume de drives e lances livres cobrados sugerem e refletem a presença mais constante de Ingram em torno da cesta. Isso se comprova, por exemplo, com a análise da produção do ala de 20 anos na área restrita: seus números absolutos em 38 jogos disputados na atual temporada já são superiores do que no somatório de 79 partidas da campanha passada. O volume está entre os 25 melhores da liga. A eficiência, porém, ainda pode melhorar.
Temporada | Arremessos tentados | Cestas | Índice de conversão | Tocos sofridos |
2016-17 | 212 | 124 | 58.49% | 32 |
2017-18 | 232 | 135 | 58.19% | 26 |
Rebotes difíceis ou rebotes na boa?
Quem já jogou basquete sabe que rebotes não são todos iguais – e brigar por um rebote dentro do garrafão pode ser a tarefa mais desgastante de uma partida. Foi, provavelmente, com essa ideia em mente que a NBA passou a trabalhar o conceito de “rebote contestado” – aquele coletado quando existe um ou mais adversários a um metro de distância do reboteiro.
Resumindo: qualquer um pode pegar uma bola no ar em um espaço limpo, mas um rebote disputado, com vários competidores, é outra história e testa a qualidade do jogador no fundamento. Neste momento, dezessete atletas têm média superior a nove rebotes por jogo. Quem deles pega, segundo os números, os rebotes mais difíceis proporcionalmente?
Apenas 15 dos 17 jogadores serão considerados nessa discussão, pois os dois com menos rebotes contestados são – sem surpresas – os únicos atletas de perímetro da lista: o armador Russell Westbrook (9.6 rebotes por jogo, 19.6% contestados) e o ala Giannis Antetokounmpo (10.1 rebotes por jogo, 31% deles sob contestação). Sobre os outros, veja a lista:
Jogador | Rebotes por jogo | Rebotes contestados | Proporção contestada |
DeAndre Jordan | 15.1 | 5.7 | 37.5% |
Andre Drummond | 14.9 | 6.9 | 46.5% |
DeMarcus Cousins | 12.5 | 5.1 | 40.7% |
Dwight Howard | 12.1 | 4.9 | 40.3% |
Karl-Anthony Towns | 11.9 | 5.3 | 44.1% |
Hassan Whiteside | 11.6 | 5.0 | 43.4% |
Clint Capela | 11.1 | 4.4 | 39.4% |
Joel Embiid | 10.9 | 5.0 | 46.3% |
Enes Kanter | 10.3 | 4.8 | 46.8% |
Anthony Davis | 10.3 | 4.0 | 38.5% |
Nikola Jokic | 10.1 | 4.5 | 44.0% |
Tyson Chandler | 9.7 | 3.9 | 39.7% |
Rudy Gobert | 9.6 | 3.4 | 35.5% |
Kevin Love | 9.6 | 3.7 | 38.6% |
Nikola Vucevic | 9.3 | 3.8 | 40.5% |
Esse grupo de quinze atletas acumula uma média de 41.4% de rebotes contestados coletados, mas, de fato, só seis deles conseguem atingir essa marca – aqueles que estão marcados em cor diferente na tabela. Do sexteto, o pivô Andre Drummond pode ser visto como destaque e confirma-se como um dos melhores reboteiros da NBA: ele é o segundo colocado, por pequena margem, em média de rebotes e em proporção contestada.
Os novos números do velho Dwight
Aos 32 anos, Dwight Howard vive uma temporada de recuperação pessoal com a camisa do (decepcionante) Charlotte Hornets. Entre suas excelentes atuações na campanha estão dois jogos com, no mínimo, 25 pontos, 20 rebotes e quatro tocos – contra o Timberwolves, em 20 de novembro de 2017, e diante do Bulls, dezoito dias mais tarde.
Howard tornou-se o décimo membro de um seleto grupo de pivôs que fizeram uma atuação de “25-20-4” acima dos 30 anos de idade desde 1973, quando os tocos passaram a ser contabilizados na NBA:
Elvin Hayes (2)
Artis Gilmore
Moses Malone
Bill Laimbeer
Hakeem Olajuwon
Patrick Ewing (3)
Dikembe Mutombo
David Robinson
Shaquille O’Neal (3)
Se lembrarmos que Howard já possui duas atuações com tais números, seus únicos parceiros com múltiplas apresentações na história da liga são Hayes, O’Neal e Ewing. E só os dois primeiros, como o pivô do Hornets, conseguiu duas atuações em uma mesma temporada. Ele não é mais o mesmo, mas, se você der mole, o D12 ainda pode dominar partidas.
Dica: use menos essas formações!
Quando uma formação é muito usada pelo treinador, isso significa que ela funciona. Trata-se da provável melhor combinação de talento e encaixes possível do elenco, certo? Assim deveria ser, mas, em uma liga com grandes egos como a NBA, nem sempre a lógica impera. E isso fica evidente analisando algumas estatísticas, na verdade, bem básicas.
A NBA tem só 24 quintetos que já atuaram juntos por mais de 200 minutos nesta temporada. A maioria deles, como não poderia deixar de ser, mostra resultados melhores do que a média da franquia no geral. No entanto, podem acreditar, há aqueles que são menos eficientes. Muito menos. Seis quintetos entre os 24 mais usados da liga, para ser mais preciso.
Eis a seguir as seis formações que “atrasam” seu time, quando comparamos o net rating (ou seja, o saldo de pontos medido por 100 posses de bola) do quinteto específico e do time no geral. Alguns números são simplesmente assustadores.
Bulls: Kris Dunn / Justin Holiday / Denzel Valentine / Lauri Markkanen / Robin Lopez (segundo mais usado da liga)
Minutos | Net rating do quinteto | Net rating geral | Diferença |
457 | -8.6 | -7.0 | 1.6 |
Pacers: Darren Collison / Victor Oladipo / Bojan Bogdanovic / Thaddeus Young / Myles Turner (quarto mais usado da liga)
Minutos | Net rating do quinteto | Net rating geral | Diferença |
432 | 0.5 | 1.4 | 0.9 |
Pistons: Reggie Jackson / Avery Bradley / Stanley Johnson / Tobias Harris / Andre Drummond (sexto mais usado da liga)
Minutos | Net rating do quinteto | Net rating geral | Diferença |
396 | -7.4 | -0.8 | 6.6 |
Knicks: Jarrett Jack / Courtney Lee / Lance Thomas / Kristaps Porzingis / Enes Kanter (17o mais usado da liga)
Minutos | Net rating do quinteto | Net rating geral | Diferença |
232 | -2.8 | -1.3 | 1.5 |
Lakers: Lonzo Ball / Kentavious Caldwell-Pope / Brandon Ingram / Larry Nance Jr. / Brook Lopez (20º mais usado da liga)
Minutos | Net rating do quinteto | Net rating geral | Diferença |
217 | -5.4 | -4.0 | 1.4 |
Mavericks: Dennis Smith Jr. / Wesley Matthews / Harrison Barnes / Maximilian Kleber / Dirk Nowitzki (24o mais usado da liga)
Minutos | Net rating do quinteto | Net rating geral | Diferença |
200 | -15.3 | -2.5 | 12.8 |
Passes por assistência
Para fechar essa primeira edição, o Jumper Brasil tem uma pergunta: você sabe quantos passes seu time precisa trocar para dar uma assistência? Posso apostar que não, certo? Nós vamos descobrir essa com vocês: fomos atrás do número de passes por jogo de cada um dos times e fizemos a proporção com a média de assistências dos mesmos. O que descobrimos?
Eis os cinco times que menos precisam de passes para dar uma assistência nesta temporada, sendo que o número em parênteses ao lado dos dados representa a posição do time no ranking do quesito da atual campanha:
Time | Passes por jogo |
Assistências por jogo | Passes por assistência |
Warriors | 327.6 (3) | 30.8 (1) | 10.64 (1) |
Rockets | 262.8 (29) | 22.5 (17) | 11.68 (2) |
Pelicans | 313.4 (10) | 26.6 (2) | 11.78 (3) |
Cavaliers | 282.3 (25) | 23.5 (7) | 12.01 (4) |
Thunder | 258.4 (30) | 21.3 (23) | 12.13 (5) |
Não por acaso, essa lista inclui quatro dos seis times de melhor eficiência ofensiva da temporada: Warriors (1), Rockets (2), Cavaliers (4) e Pelicans (6). O Thunder é a exceção: possui apenas o 12º ataque que mais produz por 100 posses de bola na liga, mas tem um “Big Three” com grandes talentos ofensivos e o time que menos troca passes na NBA (o que contribui para aumentar a proporção automaticamente, como também pode ser visto com Houston e Cleveland).
E eis as cinco equipes que mais precisam de passes para dar uma assistência nesta temporada:
Time | Passes por jogo |
Assistências por jogo | Passes por assistência |
Clippers | 300.5 (17) | 20.9 (26) | 14.38 (26) |
Pistons | 314.3 (9) | 21.8 (21) | 14.42 (27) |
Grizzlies | 314.4 (8) | 20.7 (28) | 15.19 (28) |
Jazz | 322.1 (4) | 21.2 (24) | 15.19 (29) |
Kings | 321.3 (5) | 20.8 (27) | 15.45 (30) |
Três dos cinco times relacionados estão entre os dez ataques menos eficientes da liga no momento em que a coluna é escrita: Kings (30), Grizzlies (24) e Jazz (21). Os outros dois são mais diversos: o Pistons possui a 17ª melhor ofensiva atual e o Clippers, surpreendentemente, está na décima posição.
A se chamar a atenção mesmo é a presença de quatro dos cinco times que mais trocam passes por partida no quinteto – sendo o Clippers, novamente, a exceção notória. Isso pode ser a comprovação de que a movimentação sem bola sem um propósito é mais estéril do que sistemas mais estagnados (o Thunder, por exemplo) realizados com mais incisão.
Em geral, os casos de maior disparidade entre os rankings de média de passes e média de assistências com os números de passes por assistência já foram antes relacionados em uma das tabelas (Rockets, Pistons e Thunder, por exemplo), mas há alguns outros times que valem ser observados por essas diferenças. Eles estão relacionados nas duas tabelas a seguir:
Time | Passes por jogo |
Passes por assistência |
Nets | 316.5 (7) | 14.13 (22) |
Lakers | 284.3 (23) | 12.20 (6) |
Bucks | 284.1 (24) | 12.41 (8) |
Timberwolves | 286.2 (22) | 12.66 (9) |
Knicks | 320.9 (6) | 14.26 (23) |
Wizards | 281.9 (26) | 12.36 (7) |
Time | Assistências por jogo | Passes por assistência |
Hawks | 23.6 (5) | 14.33 (24) |
Hornets | 20.9 (25) | 13.73 (19) |
Bulls | 23.6 (6) | 12.87 (13) |
Sixers | 26.2 (3) | 13.56 (17) |
Suns | 20.7 (29) | 13.54 (16) |
“O Jogo em Números” é uma coluna quinzenal em que o Jumper Brasil abraça a revolução estatística da NBA. É uma abordagem diferente do habitual, que parte de dados brutos, avançados e históricos para oferecer uma nova visão e interpretação sobre o que acontece e aconteceu na liga.