O Orlando Magic de 1995 é o homenageado no quarto texto da série quinzenal “Times históricos que não foram campeões”.
A franquia da Flórida, que coleciona fracassos recentes, chegou à sua primeira final de NBA seis anos depois de sua fundação e era liderada em quadra por dois jovens: o pivô Shaquille O’Neal e o armador Penny Hardaway.
Antes de falar da inesquecível equipe de 95 é preciso contar como se deu a fundação da franquia, uma das mais novas da liga, e a formação do elenco que entrou para a história de Orlando.
A fundação
O Magic surgiu graças ao décimo processo de expansão promovido pela NBA. Em meados da década de 80, o empresário Jimmy Hewitt tinha o sonho de fundar uma franquia da liga na cidade da Disney. Para colocar o plano em prática, ele pediu a ajuda de Pat Williams, que, na época, era gerente-geral do Philadelphia 76ers. O dirigente “abraçou” a ideia de Hewitt, pediu demissão do Sixers e partiu rumo à Flórida.
Como o desejo da NBA, na figura de seu comissário David Stern, era o de expandir a liga, a tarefa da dupla não foi tão difícil assim. Hewitt e Williams estavam tão confiantes de que o sonho se tornaria realidade que, antes mesmo de convencer Stern e os donos das outras equipes de que seria vantajosa a criação de mais um time na liga, eles promoveram um concurso para a escolha do nome da franquia. Depois de uma seleção prévia, os quatro nomes finalistas foram: Heat (isso mesmo), Tropics, Juice e Magic.
Reza a lenda de que uma visita da filha de Williams, Karen (sete anos na época), aos parques da Disney teria sido fundamental para que o nome Magic fosse escolhido. A menina teria dito ao pai: “I really like this place. This place is like magic.” (Eu realmente gosto deste lugar. Este lugar é como mágica.). O nome ganhador, que seria uma alusão à magia de Orlando, influenciado, obviamente, pelo complexo da Disney, foi anunciado em 27 de julho de 1986.
Com o processo de expansão aprovado, o próximo passo da direção do Magic seria o de montar o elenco e a comissão técnica. Matt Guokas, que havia sido o técnico do Sixers, entre 1985 e 1988, foi o primeiro treinador da história da equipe.
No draft de expansão, realizado em junho de 1989, o time de Orlando levou a melhor no cara e coroa com o Timberwolves e teve o privilégio de começar escolhendo. Ah, uma explicação rápida sobre esse tipo de recrutamento: as equipes que ingressaram na NBA tiveram o direito de selecionar jogadores de outras franquias. Isso foi feito para garantir que não houvesse um abismo técnico entre os novos e os antigos times da liga. Mas vale a pena destacar que as franquias consolidadas da NBA puderam “proteger” oito jogadores. Com isso, elas deixaram veteranos em final de carreira, jogadores tecnicamente medianos ou aqueles com alto custo benefício disponíveis para o recrutamento.
Dos 12 jogadores selecionados pelo Magic no draft de expansão, quatro deles merecem ser citados: Sidney Green (pivô, que pertencia ao New York Knicks), Reggie Theus (ala-armador, que pertencia ao Atlanta Hawks), Terry Catledge (ala-pivô, que pertencia ao Washington Bullets) e Scott Skiles (armador, que pertencia ao Indiana Pacers). Os outros, podem acreditar, não deixaram saudade alguma em Orlando.
Além desses jogadores com rodagem na liga, o Magic selecionou, no recrutamento “normal”, o novato Nick Anderson. O ala-armador foi a 11ª escolha e, alguns anos depois, entraria para a história da franquia.
No primeiro ano de NBA, o time de Orlando fez a segunda pior campanha entre os 27 times da época: 18 vitórias e 64 derrotas, o que era perfeitamente compreensível dada a qualidade (falta dela, aliás) do elenco.
Devido ao péssimo desempenho na temporada anterior, o Magic teve direito à quarta escolha geral do draft de 1990. O selecionado foi o ala Dennis Scott, especialista em arremessos de longa distância. O veterano Theus, segundo cestinha da equipe, foi negociado com o Nets.
Após jogar a primeira temporada na conferência Leste, o time de Orlando integrou a Oeste em 1990/91. Com os jovens Scott e Anderson ganhando destaque, e os experimentados Skiles e Catledge dando retorno técnico em quadra, o Magic terminou a temporada com a nona melhor campanha de sua conferência: 31 vitórias e 51 derrotas. Skiles, inclusive, ganhou o prêmio de jogador que mais evoluiu. Aliás, em dezembro de 1990, o armador conseguiu um feito até hoje inalcançável: distribuiu 30 assistências na partida contra o Denver Nuggets.
A sorte sorri para o Magic
Em setembro de 1991, o time de Orlando passou a ter um novo dono. O empresário Richard DeVos comprou a franquia por US$85 milhões e permanece como proprietário até os dias atuais. Segundo levantamento da revista Forbes, hoje, o valor do Magic é estimado em US$920 milhões.
Na temporada 1991/92, a equipe retornou para a conferência Leste e foi um “saco de pancadas” como no ano de estreia. Depois de assinar com o agente livre Anthony Bowie, ala-armador que teve passagens discretas por San Antonio Spurs e Houston Rockets, e manter a base do plantel, o Magic fez a segunda pior campanha da liga, com apenas 21 vitórias em 82 partidas.
E foi justamente aquele desempenho medíocre que possibilitou à franquia começar a ser relevante na NBA. Na agência livre, o Magic assinou com o ala Donald Royal, ex-Spurs, que se tornaria um jogador importante no time de 1995. Mas a cereja do bolo veio no draft. A franquia se deu bem na loteria do recrutamento graças à sorte do GM Pat Williams e ficou com a primeira escolha geral de 1992. Os pivôs Shaquille O’Neal e Alonzo Mourning, e o ala-pivô Christian Laettner (campeão olímpico com o Dream Team) eram os principais nomes do draft. Shaq, da Universidade de Louisiana State (LSU) foi o escolhido pelo time de Orlando. Mourning foi a segunda escolha (Hornets) e Laettner a terceira (Timberwolves).
Logo em sua primeira temporada, aquele jogador de 2.16m, que pesava quase 150 quilos e tinha apenas 20 anos de idade correspondeu às expectativas e mostrou que seria o próximo pivô dominante da NBA. Shaq foi o líder do Magic em pontos (23.4), rebotes (13.9) e tocos (3.5) e começava a assombrar o mundo do basquete. Como não poderia deixar de ser, ele foi o novato do ano e selecionado para o All-Star Game. Além do desempenho notável em quadra, Shaq tornou-se um sucesso comercial imediato e possibilitou que a franquia ficasse mais conhecida.
A equipe terminou 1992/93 na nona posição do Leste, com 41 vitórias e 41 derrotas, e só não foi aos playoffs porque perdeu nos critérios de desempate para o Indiana Pacers. Shaq foi o destaque, mas vale dizer que Skiles, Anderson e Scott também foram importantes para o time. Ao final da temporada, Guokas deixou o comando do time e assumiu um cargo diretivo na franquia.
Na offseason seguinte, a sorte voltou a sorrir para o Magic. A equipe entrou na loteria com a pior chance de angariar a primeira escolha (1.5%) e o talismã Williams entrou em cena novamente. Pelo segundo ano seguido, o time de Orlando teve direito à first pick do recrutamento. O Magic selecionou o ala-pivô Chris Webber, destaque do Fab Five da Universidade de Michigan, mas não ficou com o jogador. Williams trocou a escolha com o Golden State Warriors. Na negociação, o Magic recebeu o jogador selecionado pelo time de Oakland na terceira escolha, o armador Anfernee “Penny” Hardaway, além de três futuras escolhas de draft. A negociação mudou os rumos da franquia da Flórida.
Para a temporada 1993/94, o Magic efetivou Brian Hill, que era assistente de Guokas, no cargo de treinador principal. Com a aposentadoria de Catledge, o time de Orlando assinou com o ala-pivô Larry Krystkowiak, que era agente livre, para formar a dupla de garrafão titular com Shaq. No meio da temporada, a equipe trouxe o também ala-pivô Anthony Avent via troca com o Milwaukee Bucks. Nenhum dos dois se destacou em Orlando. Com a ascensão de Hardaway, Skiles foi para o banco de reservas.
Com essas mudanças, o Magic fez a quarta melhor campanha do Leste, com 50 vitórias e 32 derrotas, e, consequentemente, a sua melhor campanha em cinco anos de liga. Nos playoffs, o time sentiu a pressão e ficou na primeira rodada, após ser varrido pelo Pacers de Reggie Miller. A decepção foi grande, mas ficou a sensação de que a equipe de Orlando tinha uma base forte e que, com poucos ajustes no elenco, poderia novamente figurar entre os melhores da conferência.
A magnífica temporada de 1994/95
Na offseason de 1994, o Magic trocou Skiles com o Washington Bullets. A saída do jogador que tinha o quarto maior salário do time, mas que havia se tornado um reserva, possibilitou ao Magic que assinasse com o ala-pivô Horace Grant, tricampeão pelo Chicago Bulls (1991-1993). A franquia, que tinha montado a base do elenco via draft, começou a pensar grande, que poderia dar um salto de qualidade e ir longe nos playoffs. Além da bagagem na NBA e do currículo, Grant adicionou poderio defensivo ao time da Flórida. Ele era a peça que faltava para que o Magic tivesse um dos melhores quintetos da liga – Hardaway, Anderson, Scott, Grant e Shaq.
Para o banco de reservas, Brian Shaw foi contratado para exercer o papel de combo guard (jogar nas posições e 1 e 2). Vale dizer que, ao longo da temporada, Royal ganhou a vaga de Scott na formação inicial.
A expectativa de bons resultados se traduziu em quadra, com o Magic terminando a temporada regular com a melhor campanha do Leste (57 vitórias e 25 derrotas) e o melhor ataque da NBA (média de 110.9 pontos por jogo).
Os jovens Hardaway e Shaq tiveram desempenhos espetaculares e foram selecionados como titulares para o All-Star Game. Penny, aliás, conseguiu a façanha de ser eleito para o time ideal da temporada, enquanto Shaq integrou o segundo time.
Orlando Magic – 1994/95
Time-base: Penny Hardaway (PG), Nick Anderson (SG), Dennis Scott (SF), Horace Grant (PF), Shaquille O’Neal (C)
Principais reservas: Donald Royal (SF), Brian Shaw (PG), Anthony Bowie (SG)
Técnico: Brian Hill
Jogador | Idade | Pontos | Rebotes | Assistências | Roubos | Tocos | Minutos |
Shaquille O’Neal | 22 | 29.3 | 11.4 | 2.7 | 0.9 | 2.4 | 37.0 |
Penny Hardaway | 23 | 20.9 | 4.4 | 7.2 | 1.7 | 0.3 | 37.7 |
Nick Anderson | 27 | 15.8 | 4.4 | 4.1 | 1.6 | 0.3 | 34.1 |
Dennis Scott | 26 | 12.9 | 2.4 | 2.1 | 0.7 | 0.2 | 24.2 |
Horace Grant | 29 | 12.8 | 9.7 | 2.3 | 1.0 | 1.2 | 36.4 |
Donald Royal | 28 | 9.1 | 4.0 | 2.8 | 0.6 | 02 | 26.3 |
Brian Shaw | 28 | 6.4 | 3.1 | 5.2 | 0.9 | 0.2 | 23.5 |
Anthony Bowie | 31 | 5.5 | 1.8 | 2.1 | 0.6 | 0.3 | 16.4 |
O Magic chegou aos playoffs na condição de favorito da conferência, já que tinha um time em ponto de bala e a vantagem do mando de quadra. Logo no jogo inicial da primeira rodada, a equipe atropelou o Boston Celtics por 124 a 77. O time de Orlando levou a série em quatro partidas.
Na semifinal, o Magic enfrentou o Bulls. O detalhe é que Michael Jordan havia acabado de retornar da aposentadoria, o que poderia ser uma ameaça à equipe da Flórida. Não seria fácil passar pelo time de Chicago. No primeiro duelo da série, o Magic venceu por 94 a 91. Shaq conseguiu um duplo-duplo (26 pontos e 12 rebotes) e foi o destaque da partida. Bem marcado por Anderson, Jordan acertou apenas oito dos 22 arremessos de quadra tentados e anotou 19 pontos. Ao final do jogo, o ala-armador do Magic disse que o agora camisa 45 do Bulls já não era mais o mesmo.
No segundo duelo, Jordan mostrou a Anderson que ainda poderia ser espetacular em quadra. O maior de todos os tempos anotou 38 pontos e conduziu o Bulls ao triunfo em Orlando (104 a 94). Os próximos dois jogos seriam disputados em Chicago e o Magic sabia que não poderia deixar Jordan crescer na série.
Na terceira partida, o time de Orlando recuperou a vantagem do mando de quadra e venceu por 110 a 101 graças a uma ótima atuação coletiva. O quarteto Shaq, Penny, Anderson e Grant foi responsável por 87 pontos da equipe. Jordan anotou 40, mas não impediu a derrota do Bulls. No quarto duelo, nova vitória do time de Chicago (106 a 95). Jordan e Scottie Pippen combinaram para 50 pontos e foram os grandes nomes da partida.
No quinto jogo, a série retornou à cidade de Orlando e o time da casa venceu por 103 a 95, apesar dos 39 pontos anotados por Jordan. A dupla de garrafão do Magic teve um desempenho magistral na partida. Shaq e Grant combinaram para 47 pontos, 33 rebotes e seis tocos, e deixaram a equipe da Flórida a um triunfo de alcançar as finais de conferência.
No sexto jogo, disputado em Chicago, o Magic contou com a pontaria afiada dos jogadores do perímetro e fechou a série com uma vitória por 108 a 102. Penny, Anderson e Scott (que voltou a ser titular) combinaram para 12 cestas de três pontos, o que era notável na época. Shaq, para variar, conseguiu o duplo-duplo: 27 pontos e 13 rebotes. O time da Flórida deu um recado claro ao mundo ao eliminar o Bulls de Jordan: vamos em busca do título.
https://www.youtube.com/watch?v=2G746b0gNc0
Na final do Leste, o adversário foi o Pacers, algoz da temporada anterior. A série chegou a sete jogos, com cada um dos times vencendo em seus domínios. Melhor para o Magic, que tinha a vantagem do mando de quadra. Na sétima e decisiva partida, a equipe de Orlando amassou o rival por 105 a 81. Reggie Miller, o principal jogador do Pacers, anotou apenas 13 pontos. Pelo lado do Magic, Shaq marcou 25 pontos e pegou 11 rebotes, e todos os titulares combinaram para 89 pontos. Shaq era um pivô dominante, mas para a equipe conseguir o objetivo de ser campeã era preciso que os outros jogadores contribuíssem. E foi o que aconteceu com o Magic naqueles playoffs do Leste.
Na decisão, o Magic tinha pela frente o atual campeão da Liga, o Houston Rockets. O time texano fez uma campanha irregular durante a temporada regular, tanto que terminou apenas com a sexta melhor campanha do Oeste (47 vitórias e 35 derrotas). Só que, na pós-temporada, o Rockets foi eliminando um favorito de cada vez. Primeiro, o Utah Jazz da dupla John Stockton e Karl Malone. Depois, o Phoenix Suns de Charles Barkley. E na final de conferência, o eliminado foi o San Antonio Spurs, time que havia feito a melhor campanha da temporada regular e que tinha o pivô David Robinson, MVP daquele ano. Vale lembrar que, no meio da temporada, o Rockets se reforçou com o veterano Clyde Drexler, lenda que deixou o Portland Trail Blazers justamente pela chance de conquistar o primeiro título na NBA.
De um lado, o melhor ataque da liga, que tinha um pivô jovem e dominante como Shaquille O’Neal, um elenco de apoio muito qualificado e a vantagem do mando de quadra. Do outro, o atual campeão, que fez uma pós-temporada fantástica e que contava com o poder de decisão de duas lendas como Hakeem Olajuwon e Drexler. Nenhum dos finalistas tinha uma defesa confiável. A expectativa era a de que veríamos uma final espetacular, sendo marcada pelo equilíbrio, por placares centenários e chegando a sete partidas. Só o duelo entre dois dos maiores pivôs da história como Olajuwon e Shaq já valeria a pena.
No entanto, nada saiu como esperado. Na primeira partida da decisão, o Magic chegou a abrir vantagem de 18 pontos, mas deixou de ganhar por conta do péssimo aproveitamento nos lances livres, nos instantes finais. Anderson errou quatro lances livres consecutivos quando o time de Orlando liderava por três pontos, a menos de dez segundos para o fim. O Rockets não perdoou e levou o jogo para a prorrogação graças a uma cesta de longa distância do armador Kenny Smith (hoje comentarista da TNT) no último segundo. Na prorrogação, o time texano teve mais tranquilidade e venceu por 120 a 118. Cestinha da partida, com 31 pontos, Olajuwon dez a cesta da vitória no estouro do cronômetro. Drexler e Smith contribuíram com 23 pontos cada. Robert Horry anotou 19 e Mario Elie outros 18 pontos. Em suma, o quinteto titular do time de Houston foi responsável por 114 pontos. Pelo Magic, Shaq teve uma grande atuação e ficou perto de alcançar o triplo-duplo – 26 pontos, 16 rebotes e nove assistências. Hardaway também anotou 26 pontos. Grant e Anderson combinaram para 37 pontos e 27 rebotes. O primeiro jogo das finais foi sensacional, emocionante, mas deixou um gosto amargo entre os fãs do Magic. Ah se Anderson tivesse acertado pelo menos um dos quatro lances livres…
https://www.youtube.com/watch?v=k4wcQnXhG_Q
No segundo duelo, novamente disputado em Orlando, Olajuwon e Shaq voltaram a brilhar. O pivô do Rockets marcou 34 pontos e pegou 11 rebotes, enquanto o camisa 32 do Magic anotou 33 pontos e coletou 12 rebotes. O diferencial da partida foi um jogador vindo do banco de reservas. O armador Sam Cassell marcou 31 pontos e ajudou o time texano a vencer por 117 a 106. Definitivamente, o Magic estava em apuros. Após perder os dois primeiros jogos em casa, o time de Orlando teria força para reverter a série em Houston?
Só que a derrota catastrófica no jogo 1 ainda ecoava entre os jogadores do Magic. Na terceira partida, a definição do vencedor só ocorreu nos instantes derradeiros. A 14 segundos do fim, “Big Shot” Horry recebeu passe de Olajuwon e acertou uma bola de três pontos. A vantagem do Rockets, àquela altura, era de quatro pontos (104 a 100). Na sequência, Hardaway deu um airball em um arremesso de longa distância. Posteriormente, Drexler converte um lance livre e a vantagem subiu para cinco pontos. A três segundos do fim, Anderson, o vilão do jogo 1, acertou uma bola de três e ainda deu esperanças ao Magic. Na saída de bola, Cassell sofreu falta e foi para a linha de lance livre. Ele converteu um dos dois arremessos e o placar apontava 106 a 103 a favor do time da casa. O Magic teve a posse de bola final, mas Hardaway desperdiçou o arremesso derradeiro. Delírio em Houston. A equipe texana só precisava de mais uma vitória para conquistar o bicampeonato. Para variar, Shaq foi o destaque do time de Orlando, com 28 pontos e dez rebotes. Hardaway marcou 19 e distribuiu 14 assistências. Grant contribuiu com 18 pontos e dez rebotes. Pelo Rockets, Olajuwon anotou 31 pontos, pegou 14 rebotes e distribuiu sete assistências. Drexler e Horry combinaram para 45 pontos, 22 rebotes e 11 assistências.
https://www.youtube.com/watch?v=f8QQTrqo6q0
Nenhum time na história da NBA conseguiu reverter uma desvantagem de três a zero nas finais. A missão do Magic era inglória. O equilíbrio foi a tônica de boa parte da quarta partida. Só que, no último período, o time de Orlando entrou em colapso e permitiu que o Rockets finalizasse a série com certa tranquilidade e conquistasse o bicampeonato. A questão mental, mais uma vez, foi inimiga do Magic.
Shaq fez sua parte, com 25 pontos e 12 rebotes. Hardaway contribuiu com outros 25 pontos. Anderson, aquele que falou que Jordan não era mais o mesmo, aquele que desperdiçou quatro lances livres seguidos no final do jogo 1, teve uma atuação risível: quatro pontos e 1-7 nos arremessos de quadra. Pelo bicampeão, Olajuwon, eleito MVP das finais, anotou 35 pontos, pegou 15 rebotes e distribuiu seis assistências. Pela segunda final consecutiva, The Dream foi um monstro em quadra. Drexler, enfim campeão na NBA, quase alcançou o triplo-duplo: 15 pontos, nove rebotes e oito assistências.
https://www.youtube.com/watch?v=ew7_IuQ8_1w
Médias de Hakeem Olajuwon e Shaquille O’Neal nas finais de 1995
The Dream: 32.8 pontos, 11.5 rebotes, 5.5 assistências, 2.0 tocos
Shaq: 28.0 pontos, 12.5 rebotes, 6.3 assistências e 2.5 tocos
Na temporada seguinte, com o mesmo elenco, o Magic chegou às finais do Leste depois de ter feito a melhor campanha da história da franquia (60 vitórias e 22 derrotas). Só que do outro lado havia Michael Jordan. O Bulls varreu o time de Orlando na decisão da conferência e, na grande decisão, bateu o Seattle SuperSonics e conquistou o quarto título na liga. O então gerente-geral, Pat Williams, foi promovido a vice-presidente Executivo da franquia.
Em 1996/97, o Magic sofreu um duro golpe: Shaq decidiu deixar a franquia e assinar com o Los Angeles Lakers no período de agência livre. Era o começo do fim. Hardaway começou a sofrer com seguidas lesões e, em 1999, foi negociado com o Suns. Naquele ano, Grant foi trocado para o SuperSonics e Anderson foi enviado para o Sacramento Kings. Os pilares do time de 1995 já não faziam mais parte do elenco.
Apesar da varrida nas finais, o Magic de 1995 foi o melhor time da história da franquia, o que mais marcou. Apenas seis anos depois de sua fundação, o time de Orlando conseguiu chegar à decisão da NBA com uma base montada sobretudo através do draft. Pat Williams deu uma aula de gestão na época. Claro que o fator sorte ajudou, com as duas primeiras escolhas seguidas, mas Williams soube, no momento certo, elevar o time de patamar, de mero coadjuvante a contender. Que esse bom exemplo seja repetido e que os atuais dirigentes da franquia consigam trazer a magia de volta a Orlando.
P.S. Fique ligado. Daqui a duas semanas sai o quinto artigo da série “Times históricos que não foram campeões”. O homenageado da vez será o Seattle SuperSonics de 1996. Não perca! Até lá!
Times históricos que não foram campeões – Portland Trail Blazers (1991)
Times históricos que não foram campeões – Phoenix Suns (1993)
Times históricos que não foram campeões – New York Knicks (1994)