Como Sebastian Telfair “não aconteceu” na NBA

Gustavo Freitas conta sobre a carreira do atleta que não decolou na liga

Fonte: Gustavo Freitas conta sobre a carreira do atleta que não decolou na liga
Telfair foi a décima terceira escolha do draft de 2004

Telfair foi a décima terceira escolha do draft de 2004

Estamos em 2017, 13 anos após o armador Sebastian Telfair ouvir seu nome ser selecionado pelo Portland Trail Blazers na 13ª posição do draft de 2004. Hoje, sabemos que ele jamais provou na NBA o que um dia foi imaginado, mas como isso aconteceu, você fica sabendo agora.

Seu irmão, Jamel Thomas, foi um jogador que em duas temporadas, atuou em apenas 12 partidas pelo Boston Celtics, Golden State Warriors e New Jersey Nets. No entanto, seu primo fez um “pouquinho” mais de sucesso: Stephon Marbury. As comparações eram inevitáveis.

Vindo de uma família extremamente pobre, o atleta viu no basquete a chance de mudar de vida. Nada diferente do que uma grande maioria de jogadores que já pisaram em uma quadra nos Estados Unidos. Pressionado a cada dia, ele tinha talento para passar pelo mesmo processo e tornar-se um astro.

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No entanto, como sabem, não foi bem assim.

Aos seis anos, pressionou seu irmão a colocá-lo em seu time para menores de 11 anos. Seu irmão disse não, mas de alguma forma, conseguiu sua vaga. Em um jogo, o melhor jogador daquela equipe foi eliminado com faltas. Telfair entrou em quadra e impressionou a todos com sua habilidade. Sim, seis anos.

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A partir de então, o basquete virou mais do que uma paixão. Virou sua obrigação diária. Seus irmãos o treinavam antes e depois de ir para a escola. Lembre-se: Marbury tinha conseguido tirar sua família da miséria, era milionário e mundialmente conhecido.

Armador foi capa de revista ao lado de LeBron James nos Estados Unidos

Seu sucesso, apesar de ter apenas 1,83 metro, estava garantido. Bastava treinar e aperfeiçoar seus maiores defeitos.

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Em seus melhores anos no basquete colegial, Telfair conduziu sua equipe aos primeiros lugares e tornou-se um ícone bem antes de virar profissional. Ele apareceu nas capas das revistas SlamSports Illustrated, seu nome estava em todos os jornais e em sites especializados. Ninguém tinha a menor dúvida de que ele conseguiria atingir o topo.

Um dia, Telfair desafiou Marbury a um jogo um contra um. Adivinha? Ele brilhou. Imagine isso: ele ainda estava no colégio e conseguiu deixar seu primo de boca aberta. O próximo passo era claro: jogar por uma grande universidade por um ou dois anos e então, ir para a NBA.

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Telfair declarou que atuaria por Louisville, de Rick Pitino, antes de seu último ano no basquete colegial. Mas nem tudo aconteceu como ele planejava. Enquanto todo mundo o paparicava e dizia que ele seria um grande jogador na NBA, um vizinho foi assassinado. Ele não teve dúvidas e foi para o recrutamento. Até aquela época, ainda era possível um atleta pular do colégio direto para a liga. Entretanto, nenhum armador havia o feito.

Ele ouviu seu nome chamado pelo Blazers e, a partir daquele momento, tudo mudou em sua vida. Para o bem ou nem tanto. Com um contrato garantido na NBA, Telfair assinou um acordo com a Adidas, o que, anos depois, teria sido um de seus maiores pesadelos.

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Só que, enquanto ele brilhava diante de moleques, até maiores que ele, Telfair usava sua velocidade e seu atleticismo para superar cada adversário, na NBA era um papo diferente. Todos eram maiores e tinham mais força, envergadura, e eram tão atletas quanto ele.

Por não ter passado pelo basquete universitário, suas falhas ficaram cada vez mais evidentes. Sua defesa era terrível e o arremesso estava longe de ser o ideal. E quando falamos de enfrentar profissionais, aí é que os problemas aparecem mesmo. Ele não conseguia encontrar os mesmos espaços, apesar de ter uma visão de quadra privilegiada.

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Após dois anos no Blazers, sem fazer sucesso algum e com apenas 39% de aproveitamento nos arremessos, uma arma foi encontrada em sua bagagem antes de uma viagem com o time. Era o bastante para a equipe do Oregon, que o negociou na temporada seguinte com o Boston Celtics. Mas em Massachusetts, os mesmos problemas o perseguiam e foi para o Minnesota Timberwolves, em 2007-08. Em duas temporadas pelo Timberwolves, Telfair viveu o seu auge na liga, com médias próximas de 9.5 pontos e 5.0 assistências. Muito pouco para quem era projetado para ser um astro.

Armador rodou a NBA e, no fim, foi parar no basquete chinês

Logo, ele seguiu rodando pela NBA nos anos seguintes: Los Angeles Clippers, Cleveland Cavaliers, retornou ao Timberwolves, Phoenix Suns, Toronto Raptors, jogou na China, teve uma passagem rápida pelo Oklahoma City Thunder e então, voltou a jogar no basquete chinês.

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Você consegue se lembrar de outros jogadores que pularam direto do colégio para a NBA, claro. Kobe Bryant, Kevin Garnett, Jermaine O’Neal, Tracy McGrady, LeBron James, Amare Stoudemire e Dwight Howard, realmente tiveram sucesso e tornaram-se astros. Agora, que tal Travis Outlaw, Robert Swift, Martell Webster, Andray Blatche, James Lang, Darius Miles, Kwame Brown, e óbvio, Sebastian Telfair? Estes jogadores optaram pelo caminho mais curto, mas não, não conseguiram brilhar na NBA. A lista é grande. Nos últimos anos, Brandon Jennings e, posteriormente, Emmanuel Mudiay, saíram da escola e foram jogar na China por uma temporada para conseguirem a liberação da liga. Complicado, não?

Telfair não aconteceu na NBA por vários motivos. Você pode culpar os “amigos”, a mídia, a inexperiência, a falta do basquete universitário, a violência, a família e sim, a ele mesmo. Sabe aquele acordo da Adidas? Ele afirmou ter sido o seu grande problema, pois aquilo trouxe comodidade aos seus familiares e Telfair teria perdido a “fome” pelo basquete.

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Poderíamos estar falando de um atleta, hoje, aos 32 anos, como um dos melhores jogadores da posição. Ao contrário, Telfair segue jogando na China. É um perdedor? Difícil dizer isso para um sujeito que na carreira, mesmo que atribulada, somou quase US$20 milhões em salários. Pelo lado pessoal e financeiro, certamente não. Para a NBA, o papo é diferente.

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