Desde 2011-12, o Los Angeles Lakers não sabe o que é ser superior ao Los Angeles Clippers em uma temporada regular. Já se vão cinco temporadas de amplo domínio do time que até semanas atrás foi comandado por Chris Paul em quada. A questão é agora é: o Clippers perdeu o seu astro para o Houston Rockets e a direção viu o seu elenco praticamente se desfazer. Enquanto isso, o Lakers tratou de reforçar seu grupo, especialmente com a adição do calouro Lonzo Ball. Será suficiente para uma virada?
Em 1981, Donald Sterling comprou a franquia que atuava em San Diego e, quatro anos mais tarde, a levou para Los Angeles. O Clippers sempre foi famoso por ter um dos ingressos mais baratos de toda a NBA, até porque as campanhas eram de times que jamais sonhavam com os playoffs. Daquele período até o fim da década de 90, a equipe amargou os piores lugares da liga e havia se classificado para a pós-temporada em apenas três ocasiões. O resultado disso: três eliminações na primeira rodada.
No início dos anos 2000, houve muita expectativa gerada em cima de atletas jovens. E de fato, eram bons. Lamar Odom havia acabado de ser a quarta escolha do draft de 1999. No ano anterior, Michael Olowokandi tinha sido a primeira. Em 2000, foi a vez de Darius Miles ser selecionado, vindo direto do colégio, com a terceira pick. Quentin Richardson veio no mesmo ano. Corey Maggette, após um ano no Orlando Magic, chegou a ser comparado com Vince Carter. Em três anos, o Clippers juntou cinco jogadores promissores e poderia crescer a partir dali.
Só que não deu certo.
Logo, Olowokandi não cresceu de produção e tornou-se um enorme bust. Odom foi para o Miami Heat. Miles jamais provou em quadra o seu talento. Richardson até explodiu em seu ano de contrato, mas assinou com o Phoenix Suns em 2004. Por fim, sobrou Maggette.
Em 2005-06, o Clippers reuniu jogadores como Elton Brand, Sam Cassell, Cuttino Mobley, Chris Kaman e o mesmo Maggette. Finalmente, após longos nove anos, o time voltava aos playoffs. Desta vez, a equipe avançou até a semifinal de conferência, algo que não acontecia desde quando se chamava Buffalo Braves, antes mesmo de San Diego Clippers, em 1975-76. Porém, pouco durou. Até houve, durante a agência livre de 2008, um momento inusitado. Brand era agente livre e tratou de paparicar o armador Baron Davis para juntar-se a ele. O ala-pivô era, vez ou outra, chamado para o Jogo das Estrelas, enquanto Davis vivia um ótimo momento na carreira. Davis aceitou receber menos para acomodar o salário de Brand. Estava tudo certo, mas Brand optou por fechar com o Philadelphia 76ers horas depois da contratação do armador.
A cultura perdedora do Clippers durou décadas, de fato. Mas no ano do segundo locaute da NBA, em 2011-12, Chris Paul foi trocado pelo então New Orleans Hornets para o Lakers. Entretanto, o Hornets estava sem dono. Ou seja, a liga comandava a equipe. A negociação foi vetada pelo que foi chamado de Basketball Reasons e Paul parou no Clippers.
Foi o início de uma nova era em Los Angeles.
Clippers e Lakers, desde 2012-13
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Enquanto o Clippers ganhava projeção com o trio formado por Blake Griffin, DeAndre Jordan e Paul, o Lakers caía de produção ano a ano.
Pau Gasol, então um dos responsáveis pelos títulos da equipe em 2008-09 e 2009-10, era um dos envolvidos na negociação por Paul. O time estava tentando negociar o ala-pivô espanhol pouco depois de perder Andrew Bynum para a escola Adriano Imperador de jogadores que se quisessem, estariam jogando em alto nível até hoje.
Kobe Bryant começava a mostrar que era humano e passou a lesionar-se com alguma frequência, a partir da tentativa de formar um novo Big Three, com Steve Nash e Dwight Howard. Aquilo fracassou, aliás. E não foi por pouco. O Lakers até foi para os playoffs em 2012-13, mas entrou em uma queda profunda a partir de então.
Nash, que havia chegado por quatro escolhas de draft, sendo duas de primeira rodada, já não tinha condições de pisar em uma quadra de basquete. Howard ficou por apenas um ano e rumou para o Houston Rockets. Gasol saiu como agente livre e acertou com o Chicago Bulls. O Lakers tinha Kobe e só.
Muito foi falado sobre atletas que recusavam o Lakers exclusivamente por conta dos vestiários, que Bryant não queria nenhum outro astro ao seu lado, que a diretoria estava entrando em parafuso. Quase tudo verdade. Ou tudo, até.
Com Paul, o Clippers entrou imediatamente no grupo de candidatos ao título. Foi assim por cinco temporadas. Nesse mesmo período, o Lakers sofria. E como sofria. Penou mesmo quando Kobe encerrou sua brilhante carreira.
Mas em 2014, o emergente Clippers teve um revés dos grandes. Sterling, então dono da equipe, envolveu-se em uma polêmica que o fez perder a franquia. Em áudios gravados, o bilionário foi flagrado proferindo palavras racistas e de baixo calão. Gerou uma revolta não só por toda a liga, mas em um país. Acabou sendo obrigado a vender o time para o carismático Steve Ballmer por US$2 bilhões.
A diretoria ficou em xeque. Paul queria sair naquela ocasião. Forçou uma troca, mas cedeu à pressão de seus colegas e permaneceu em busca de seu primeiro título. Pouco depois, teve o episódio em que Jordan aceitou proposta do Dallas Mavericks, mas em uma guerra de emojis, voltou atrás em sua decisão e seguiu em Los Angeles.
Apesar de toda a união daquele grupo, o Clippers acabou ruindo nesta offseason. Paul finalmente saiu e foi negociado com o Rockets. J.J. Redick pulou fora do barco e transferiu-se para o Philadelphia 76ers. Griffin até ficou e prometeu manter o time nos playoffs. Mas na primeira oportunidade, a direção procurou o Cleveland Cavaliers por Kyrie Irving. E adivinha: Jordan estaria envolvido. Por fim, Danilo Gallinari resolveu bancar o pugilista e acabou fraturando o dedo polegar.
O Lakers, agora, parece estar retomando os rumos de um time vencedor, com Magic Johnson no comando. Não deve ser agora, até porque o elenco é extremamente jovem, mas algumas peças interessantes chegaram ao elenco, como o pivô Brook Lopez e o ala-armador Kentavious Caldwell-Pope. Brandon Ingram não demonstrou grande basquete em seu primeiro ano, mas é uma das apostas para evoluir na próxima temporada. Ainda tem Jordan Clarkson e Julius Randle.
O grupo promete. Ball foi bem na Liga de Verão. Ele tem um pai chato, muito chato, mas não deve atrapalhar. Ao menos, é o que se espera. Tirando Lopez, Luol Deng, que o time ainda tenta trocar, e Corey Brewer, que chegou após uma troca em fevereiro, o elenco não conta com ninguém com mais de quatro temporadas no currículo.
Ainda falta maturidade ao novo Lakers, dono de 16 títulos na NBA, mas a tendência é que supere o seu colega de ginásio nos próximos anos.