Desculpe o transtorno, preciso falar do Clippers

Gustavo Lima analisa o ótimo início de temporada do time angelino

Fonte: Gustavo Lima analisa o ótimo início de temporada do time angelino

https://www.youtube.com/watch?v=K5O4LMxdaNU

Cotado antes da temporada como a terceira força da conferência Oeste, inclusive pelo Jumper Brasil, o Los Angeles Clippers é o dono da melhor campanha da NBA neste momento. Obviamente, a temporada 16/17 começou há apenas três semanas e ainda é cedo para falar se o time A ou B vai se dar muito bem ou muito mal nos próximos seis meses. Mas é inegável o início animador do Clippers (o melhor da história da franquia), sempre tido como o patinho feio ou o primo pobre de Los Angeles que nunca ganhou um título. São dez vitórias em 11 partidas, incluindo um atropelamento sobre o sempre forte San Antonio Spurs em pleno Texas.

Dá para afirmar sem medo que esta temporada é um divisor de águas para o time de Doc Rivers, ou seja, é tudo ou nada para o Clippers. Os astros Chris Paul e Blake Griffin têm a opção de encerrarem seus vínculos com a franquia e testarem o mercado em julho. O ala-armador J.J. Redick será agente livre irrestrito ao fim da temporada. Em caso de novo insucesso, acho difícil que a espinha dorsal da equipe seja mantida.

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Rivers, que além de técnico, é o presidente de operações de basquete da franquia, sabe que há a urgência por um resultado “grande” (leia-se: chegar pelo menos à final do Oeste). Nos dois primeiros anos de Paul à frente da armação da equipe, o Clippers era treinado pelo criticado Vinny Del Negro. O time chegou a uma semifinal de conferência em 2012 e foi eliminado na primeira rodada dos playoffs no ano seguinte. Era preciso dar um passo à frente. Em julho de 2013, Rivers foi contratado. Redick chegou à equipe para ser o arremessador que o Clippers precisava para complementar Paul, Griffin, Jamal Crawford, DeAndre Jordan e Matt Barnes. Com esses seis atletas no plantel, os angelinos caíram na semifinal de conferência em 2014 (eliminado pelo Oklahoma City Thunder) e em 2015 (perdeu para o Houston Rockets).

Na temporada passada, o Clippers encorpou o elenco ao trazer Luc Mbah a Moute, Paul Pierce, Jeff Green e Wesley Johnson. Dos jogadores que mais atuavam, só Barnes deixou a equipe. Depois de vencer (com sobras) os dois jogos da série de primeira rodada contra o Portland Trail Blazers, o time levou a virada. Quando o confronto estava empatado em dois a dois, o Clippers perdeu Paul e Griffin por conta de lesões e não teve chances no restante da série. Ficou o sentimento de que a temporada foi jogada no lixo.

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Para 2016/17, o time reforçou o banco de reservas com jogadores experientes. Chegaram Marreese Speights, Brandon Bass e Raymond Felton, e a espinha dorsal da equipe foi mantida. Com a folha salarial já no limite, isso era o máximo que dava para fazer. E o começo não poderia ter sido melhor. Além da melhor campanha, o Clippers é o líder em eficiência defensiva (média de 93.0 pontos sofridos a cada 100 posses de bola), o que menos sofre pontos (92.2), o quinto em eficiência ofensiva (109.1 pontos por 100 posses de bola) e o quarto que mais pontua (108.8).

Além disso, o time angelino tem Mbah a Moute, Jordan e Paul figurando entre os três melhores no quesito eficiência defensiva (número de pontos sofridos pela equipe a cada 100 posses enquanto o jogador citado está em quadra). Rivers, aliás, chegou a dizer, na última semana, que Mbah a Moute é o melhor defensor da NBA. Menos, Doc. Menos. O camaronês é peça-chave na defesa do Clippers por conta dos atributos físico-atléticos privilegiados e da versatilidade (capaz de marcar múltiplas posições). Tudo bem, ele realmente vem fazendo uma temporada acima da média nessa extremidade da quadra, mas aí considerá-lo melhor defensor da liga já entra naquela máxima do “empolgou”.

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Paul e Griffin parecem mais motivados do que nunca. Sabem que pode ser o último ano deles atuando juntos. Sabem que o Clippers precisa dar uma resposta em quadra. Por isso, ambos vêm atuando muito bem e se colocando na corrida para o prêmio de jogador mais valioso da temporada. Paul, aliás, tem um excelente aproveitamento de 47.3% nas bolas de três pontos. Apenas na temporada 2019/10, quando ainda era jogador do New Orleans Hornets, o armador chutou acima de 40% do perímetro. Aos 31 anos, o melhor playmaker da NBA está focado em acabar com o estigma de jogador que fracassa nos playoffs.

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Já Griffin continua mostrando que não é apenas um cara dotado de atributos físico-atléticos privilegiados. Cada vez mais ele tem se tornado um jogador capaz de fazer de tudo um pouco em quadra, seja pontuando (perto e longe da cesta) ou criando oportunidades para os companheiros (segundo da equipe em assistências). Até defensivamente, o camisa 32 apresentou evolução, tanto que figura entre os dez melhores da liga em eficiência defensiva.

E os companheiros da dupla de astros também estão dando conta do recado. Redick vai para o terceiro ano seguido com um aproveitamento acima de 43% nas bolas de três pontos. Como mencionado anteriormente, Mbah a Moute está excedendo as expectativas na função que lhe é devida (defesa) e Jordan continua sendo um eficiente protetor de aro (figura no Top 3 de reboteiros da liga e dá quase dois tocos por jogo). Cada um deles vem fazendo (e bem) seus respectivos papéis em quadra.

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No banco, Crawford segue firme na briga por mais um prêmio de melhor reserva. Pelo andar da carruagem, daqui a alguns anos, esse prêmio vai ter o nome do camisa 11 do Clippers. E Speights está provando que foi uma boa contratação. A equipe carecia de um big man capaz de espaçar a quadra com seus arremessos do perímetro.

Nos primeiros 11 jogos, já deu para notar que o time de Los Angeles está movimentando mais a bola, desperdiçando menos posses (11.3 turnovers este ano contra 12.4 em 2015/16), tem uma defesa mais consistente em comparação com os últimos anos e permanece com um dos melhores ataques da liga. Equilíbrio é tudo para um time que sonha grande na NBA. E manter os principais jogadores saudáveis também. A continuar nesse ritmo, e com o elenco longe das lesões, o Clippers tem tudo para brigar “nas cabeças” do Oeste. O problema é que Golden State Warriors e o já citado Spurs, considerados os dois melhores times da conferência, devem crescer ao longo da temporada.

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A missão do Clippers é difícil. Os playoffs da conferência Oeste são sempre complicados, mas esta temporada talvez seja a última oportunidade para que a dupla Paul e Griffin lidere a equipe a uma conquista inédita. Agora é esperar o decorrer da temporada para que tenhamos a certeza de que esse Clippers seja capaz de bater de frente com Warriors e Spurs na fase de mata-mata.

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